Nascimento


" Eu no seu lugar iria querer cesárea " Foi isso o que mais escutei depois do nascimento da Laura, e essa frase só saio da boca de quem nunca experimentou a sensação maravilhosa de colocar um filho no mundo naturalmente. 

Se um dia eu chegar a engravidar novamente sem sombra de duvidas quero outro parto normal. Não dói? Claro que dói, as contrações doem muito, mas eu sabia que era a minha filha que estava a caminho, que em pouco tempo eu veria o rostinho dela, que naquele momento ela dependia completamente de mim para trazer ela ao mundo, e isso me dava mais força para continuar. É um momento unico, um momento que você deixa de lado toda a frescura, um momento que você realmente não se importa com o que as pessoas ao seu redor estão pensando e nem você mesma consegue controlar seus impulsos - eu chorei, gritei (muito por sinal), tive quedas de desmaio - e ainda assim quero todos os meus filhos vindos ao mundo através do parto normal. 

Quem faz cesárea é mãe do mesmo jeito, é forte do mesmo jeito, e talvez até um pouco mais corajosa porque para entrar na faca tem que ter coragem. Mas uma coisa é fato, se eu puder dar um unico conselho para uma gestante, o conselho que eu dou é " prefira o parto normal ".  O porque? Respondo fácil, você consegue cuidar melhor de você e da criança, a recuperação é muito mais rapida, os pontos são bem menos - isso é, quando é necessário fazer o corte, porque se não for preciso nem pontos você leva - e um bebê que nasce de parto normal tem mais resistência. Ou seja, o parto normal é benéfico tanto para a mãe, quanto para a criança! 

Enfim, vamos lá:

No dia 14/09/2015 foi a minha ultima consulta do pré-natal, não era pra ser, mas a Laura adiantou então acabou sendo, reclamei para a minha médica de algumas cólicas que eu estava sentindo, então ela resolveu me examinar, foi quando ela percebeu que eu estava com 1 cm e meio de dilatação, e então me encaminhou para a Unicamp ( hospital que a Laura deveria ter nascido ) lá fiz alguns exames, mas ainda não estava na hora, eu estava tento contrações de Braxton Hicks que são as contrações de treinamento. Voltei para casa e na semana seguinte - dia 23 -  tive que voltar na Unicamp porque estava sentindo uma dor que vinha das costas para barriga e minha barriga endurecia muito, e eu morria de medo de acontecer algo com a minha filha caso eu demorasse demais para procurar o hospital - paranóia de mãe de primeira viagem -  nesse dia eu ja estava com 2 cm e meio de dilatação  mas ainda não estava na hora, o médico disse que só era pra mim voltar a procurar o hospital quando eu estivesse tendo 3 contrações a cada 10 minutos.. 

Na madrugada de quinta ( dia 01 ) pra sexta, comecei sentir umas dores diferentes, mais intensas, mas como o médico havia me dito que ainda não estava na hora e ia demorar um pouco eu não procurei o hospital, passei a madrugada inteira com dores nas costas e cólicas, acordei na sexta-feira de manhã fiz tudo como de costume, cuidei do garotinho que eu olhava, limpei casa, fiz unha, cabelo, sai para passear com o Hunter a noite, e tudo isso com dor e confiante que eram contrações de treinamento, por volta das 22horas da noite eu ja não estava mais aguentando de tanta dor, e o marido continuava tentando me acalmar dizendo que a dor ia passar que era só contrações de treinamento, mas eu ja sabia que não era, eu tinha a certeza que a Laurinha viria ao mundo, resolvi tomar um banho para tentar relaxar, mas nem a água quente estava resolvendo, comecei a prestar atenção quantas contrações eu estava tendo a cada 20 minutos. Depois das 23:30 ja não consegui mais contar porque a dor era muita, as contrações ja tinham aumentado e diminuido o espaço de tempo em que ocorriam. Decidi então que era hora de ir para o hospital, afinal eu ja estava com dor desde a noite anterior e as lagrimas ja escorriam no meu rosto de tanta dor.

Saimos de casa entre 00:00, 00:30, chegamos no hospital e a triagem foi rapida o que demorou um pouco foi para ser atendida pelo médico mesmo, sentada naquela cadeira esperando o atendimento a unica coisa que eu queria era que aquela dor amenizasse um pouco, que eu conseguisse no minimo ficar quieta quando ela viesse novamente, mas era impossivel, a dor vinha e eu apertava a mão do Oscar e chorava um pouco mais. Alguns minutos depois fui atendida, e então após o exame de toque o médico olha pra mim e diz "Parabéns mãezinha, metade do seu trabalho de parto ja foi, 5cm de dilatação, agora só falta mais 5, pode colocar tudo o que é seu de metal aqui nesse saquinho, entregar para o acompanhante e aguardar que vamos preparar a sua internação " Palavras do médico. Bateu o desespero e a felicidade ao mesmo tempo, ainda não estava preparada psicoligamente para o parto - porque nunca estamos mesmo - mas a felicidade tomava conta de mim quando eu pensava que ia conhecer a minha filha, a minha princesa tão esperada. 

Depois de ir para uma sala esperar a minha internação, falei para a enfermeira que queria deitar , mas quando eu deitava de lado que vinha a contração, doía demais, doía mais do que se eu estivesse sentada. Então, decidi ficar sentada. Na verdade quando vinha a contração eu ficava meio de lado, ia me virando, me contorcendo, ficava na ponta dos pés e apoiava as mãos fechadas na cama, como se estivesse tentando me erguer. Eu respirava fundo, e pensava " DEUS, QUE DOR É ESSA, EU NÃO VOU AGUENTAR " . E aí a contração passava. E eu me sentia normal, porque quando você não esta tendo contração é assim que você se sente, normal, como se não estivesse em trabalho de parto. Naquela sala gelada, sem ninguém comigo, porque meu marido só podia subir na hora do parto e minha mãe que ficaria comigo na sala de pré-parto (pois não é permitido homens nessa sala ) tinha vindo em casa trocar de roupa porque de short não podia entrar, eu pensava " dei tanta risada quando as pessoas falaram pra mim que era uma dor praticamente insuportavel, que era a pior dor do mundo, agora estou eu aqui, chorando de dor " .

Algum tempo depois subi para a sala de pré-parto, isso ja era por volta das 02:20 da madrugada, fui ficando preocupada porque minha mãe não chegava e as minhas dores só aumentavam e eu precisava de alguém para me dar a mão, a enfermeira que estava comigo, a Ana, tentava puchar assunto comigo, perguntando o sexo do bebê, como iria chamar, se eu tinha feito chá de fraldas ou não, mas a unica coisa que eu queria era silêncio e que ela tirasse a Laurinha logo. Mas isso obviamente, ainda demoraria um pouco. Minha mãe chegou, me deu a mão e eu continuava lá, firme, fazendo força quando as contrações vinham, implorando por anestia ( tonta, nem sabia o qnt ia demorar pra essa anestesia chegar), depois de algumas horas, exame de toque, exame de batimento cardiaco do bebê durante 20 minutos, bolsa estourada ( a Ana estourou ) eu ja estava me sentindo fraca e nessa altura do campeonato eu ja gritava de dor, gritava mesmo - acho que acordei a maternidade toda - minha mãe me pedia calma, e eu pedia a mão dela, até que acabei mordendo a mão dela porque confundi com o travesseiro, #coitada, depois disso tive 2 quedas de desmaio, senti a Ana passando algo na minha boca e ouvi ela dizendo pra mim que eu precisava ser forte que agora faltava pouco, foi quando eu voltei em mim e senti que aquilo era a minha obrigação que eu tinha que suportar aquela dor, minha filha precisava vir ao mundo e da forma como eu queria de parto normal! 

Faltava pouco, eu tinha que continuar, a enfermeira decidiu que era hora de eu ir para a sala de parto, tomar anestesia e trazer minha pequena ao mundo. Consegui ir andando mesmo para a sala de parto, chegando lá, deitei em uma maca gelada, e os exames de toque eram mais frequentes, troca de plantão, obstetra boazinha e delicada chegou, a equipe da manhã me deu mais força ainda e se mostraram muito mais presentes do que a equipe anterior, a equipe anterior não estava me dando a atenção necessária, logo depois que a Mary - obstetra - chegou, o anestesista veio com a anestesia, anestesia aplicada, depois de uns minutos veio o efeito e então eu conseguia respirar um pouco mais calma depois de horas com muita dor. Mandaram meu marido entrar e naquele momento me senti tão protegida, ele sentou do meu lado, colocou a mão no meu ombro e a Mary me pediu pra mim fazer força que ela ja estava conseguindo ver a cabecinha da Laurinha, força,força mais uma vez, a Mary falou que iria fazer o corte da episiotomia mas não senti.  Mais uma contração em seguida, e eu fiz força novamente. Nesse momento, senti a cabeça dela sair e logo em seguida o corpinho. Um chorinho, chorinho baixo e gostoso.

Assim que ela colocou ela em cima do meu peito, ela virou a cabecinha e olhou bem fixamente pra mim. Nesse momento eu beijei a cabecinha dela, olhei pro meu marido e disse " ela é linda " , ele disse o mesmo, passou a mão no rostinho dela, sorria feito um bobo, com os olhos cheios de lagrimas. E então eles levaram ela para limpar, e fazer os exames e o papai foi atrás porque pedi pra ele não deixar ela sozinha em nenhum momento.
Fiquei conversando com a Mary e a assistente dela enquanto elas faziam a sutura do corte e tiravam a minha placenta, que demorou um pouco para sair por sinal e doeu também, a pressão que elas fizeram pra "empurrar" a placenta foi dolorida. O momento era de felicidade, calmaria, e alivio, alivio por ter conseguido trazer a minha filha sem nenhuma complicação ao mundo. Me senti abençoada por isso e guerreira.
A Laurinha nasceu as 06:27 da manhã, do dia 03/10/2015, com peso de 2,390 e 45,8 cm.. Bem pequenininha ela, mas cheia de saúde!
O amor que você sente quando o seu bebê nasce, é o melhor e maior amor do mundo. Esse é o meu sentimento pela minha pequena! 
Meu trabalho de parto não teve complicação nenhuma, porém foi muito, muito doloroso mesmo! E se houver um próximo sem duvidas, será parto normal também!








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